segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Klepsidra

Era areia do lado de fora e vida do lado de dentro
Era o tempo da vida dentro do vidro
Um tempo contado, um tempo corrido
Que escorria pela silhueta
Da vida apertada,
vida ampulheta
Quebrou-se
Mas não...
Não foi caco
Nem areia
Nem vida
Somente
Liberdade
sem quando
e onde.

Alysson Garcia

E o poeta, voltou?

Era madrugada
A chuva caia
Pingo pingava
No chá que eu tomava
Sem alegria
Não tinha amor
Adocei com açúcar.

Alysson Garcia

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Confusão

Quase uma convulsão

Tento ficar tranquilo, correr calmo

Como corre o rio

Mas o mundo dispara, o mundo não para

O mundo no cio.
 
Aly Garcia

sábado, 2 de novembro de 2013

Ela

Em frente versa
de modo impessoal
Mas o sorriso
Inversamente
Diz o mesmo
que o coração
sente.

Não mente.
Tua mente,
conjuga verbos
proibidos
para maioria daquela gente.
Mas a maioria não somos nós.

Fecha a porta,
o que importa,
É atarmos o(s) nós
Que nos liga.
Então interliga
teu verbo no meu.

Aquelo sorriso
inverso e subversivo,
É meu abrigo.
Que na frente
do seu jeito informal
Me informa
o sentimento
fora das normas.

Então
Versa teu verso e inverso comigo
Te farei verbal ou não,
decente ou indecentemente
Conjugar,
Afinal,
o que sente.

Teici, 2/11/2013

Estalinho na mente


De repente
A conexão.
"Ah! Então é assim!"
Conclusão. (Não terminada)
Saiu uma síntese.
Fiquei aliviada.

Teici.

Mulher Maravilha

Queria se vestir de guerreira,
mas a roupa não lhe cabia.
Nua, então seguiu.
Vencendo os desafios que via.

Teici

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Resumo nº 2

Entrego-te para o rei.
Em verdade, te deixo
No lugar de onde nunca tirei,
De onde nunca saíste.

A dor de te ver
E não tocar.
Ainda haverá demora
Para acabar:
A convivência.

Mas, mereço.
Por ser ingênua,
Pequena.
Mereço, por fantasia.
Enquanto aguardo o verbo "trocar",
Conjugo e visto-me com o "doar".

Noticio o desejo do fim,
Daquilo que não teve realmente começo,
Do qual nunca me adormeço,
Em toque de cetim.
Tentarei resistir.
Doar-me? Só a mim.

Mas, percebes?
Antes de findar a escrita,
Ajo como quem mesmo desacredita,
No que se acaba na tela.

Culpa minha,
Mereço por ser ingênua,
Por ser pequena.
Acabo sozinha,
Portanto:

Felicidades com o Rei.

Teici Miranda,
21 de outubro

Sonhos resumidos. Noites de agora, Noites de outrora.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Resumo n.º 1

Hoje aconteceu igual
e diferente de outrora.
Quando em Dies Veneris,
olhar, sorriso...
Quando hoje, já quase ontem,
o frio.

Com a chuva,
sinto.
Sinto muito....
Calafrios

Cala frios.

Silêncio.
Olhar gélido.
Meio sorriso.
Boca fechada.
No improviso,
não falamos mais nada.

A escrava negra,
Já não mais carrega a enxada,
Mas o peso do desejo,
Por sua senhora amada.

Teici Miranda,
21 de outubro

Sonhos resumidos. Noites de agora, Noites de outrora.

domingo, 13 de outubro de 2013

ESPELHOS

De frente ao espelho somatizo.
Reflito. Reflexo. Inverso, perverso !

Caio. Me quebro. Me concerto.
Remendos, sofrimentos, lamentos .

Sou presente ou onipresente ?
Reflexo de mim ou do que não sou ?


A vida tem contrários, se divide una.
Se fabrica diversa, mas fecunda.

Sou aqui, um começo de um outro,
Um outro mundo novo... silencioso !


QUERO, Lucas Ramon.

sábado, 12 de outubro de 2013


Fugir de si, é encontrar-se !

QUERO, Lucas Ramon.
...

Preciso escrever, 
Remendar a minha vida as linhas de um papel,
Fazer real minhas insanidades,
Mesmo que no papel.

Rasgo, rabisco, amasso....

Papéis, vida....

Nada anda no mesmo compasso !

QUERO, Lucas Ramon.

Finalidade

O sonho está no ápice,
O sonho acabará?

O sonho está no ápice,
o ápice acabará?

Terá fim?

Cavando...

Mais fundo:
na Terra ou na superfície?

Muitos escolhem a superfície.
A superficialidade é que deve acabar.


Teici

Olhos

Só restaram eles:
inchados,
opacos,
sem brilhos.
Escorrendo líquidos,
talvez somente biológicos,
talvez por ser mesmo
uma manteiga derretida.
Talvez pela vida,
Talvez pelo que importa,
Por quem importa,
Com quem se importa.

Teici

sábado, 28 de setembro de 2013

Cristiane


Percebes meu medo?
Te ver
A consumires
Nas chamas das dores
E eu aqui...
Sem poder,
Abraçar-te e ir.

Teici Miranda

sábado, 14 de setembro de 2013

Sem poetizar, só pra registrar


E.la me olha com um jeitinho,
que não sei se é de carinho,
meio que de fininho.
Acho que olhou pra minhas pernas.
Não sei se foi desejo
Não sei se foi desvio de olhar.
Mas, não aguento esperar!

E agora, o que faço?

Teici Miranda

Símbolo da Inocência

 
Corria
o símbolo da inocência,
e fazia do vento
um balanço.
 
Porém não sabia,
que à ela
também cabia,
vinda do mundo,
as violências.
 
Então, pelos cabelos,
agarraram Inocência.
E novamente,
puxaram, puxaram, puxaram...
Até que ela cansou.
Esgotou-se,
de tanto verbo agressivo,
e de toda esta forma imposta.
Deixou-se entorpecer.
Ela não via a violência.
E se todos achavam bonito,
talvez fosse oportuno a aquiescência.
 
Mas o que ninguém adivinhou,
o que ninguém sabia
era que anos depois,
quando não mais Inocência,
adotaria a liberdade.
Anarquia ainda que tardia.
 
 
 Teici Miranda
Escrito em 9 de setembro de 2013

Equilibrista



Este final de semana decidi:
Serei (sou) malabarista!
O que for, pode vir.
Vou me equilibrar e
conseguir fazer tudo.
Vou até sorrir!

Se não temos o tempo,
temos que aprender a nos harmonizar,
com o que sobrar,
com o que faltar,
com o que devemos estar.


Teici Miranda
Escrito em 2 de setembro de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

No Silêncio de um Olhar

Andando a passos largos,
Algo me barrou;
envolveu-me aqueles olhos,
O fitar de desamor.

O semblante desfalecido,
Comprimia todo amor sentido;
De sonhos agora voláteis,
Aguarda a própria morte.

O acelerar dos devaneios,
Fragmentaram-se tão sorrateiros;
A vida tomou-se de sentido,
Ao mesmo que ao outro descompasso por inteiro.

Os sentidos se contraporiam
No silêncio daquele olhar,
A dor que se exalava
Pairava pelo ar.

Naqueles olhos silenciosos,
A vida pedia socorro.
Até quando a dor o tomaria ?
Talvez até sentir todo agouro !

E naquele fim de tarde ensolarado, a brisa poi-se a cantar,
Beijou-lhe no rosto e morreu naquele silencioso olhar.

QUERO, Lucas Ramon 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Anjos Negros


Rompe a noite, gritos velados.
As correntes se arrastam,
Timidamente sinalizam 
Que o sangue escorre,
E o suor permeia o solo batido
E os lábios....
Entre dentes rangidos,
Determina deveras alienação.

Haja vista os corpos desfalecidos,
que penumbram em suplício.

Do outro lado, a noite...
A inquietude solene.
Manchetes destacam vendas :
MERCADORIAS SALGADAS NA LAVOURA !

QUERO, Lucas Ramon

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Imo



No centro da incandescência, a energia era maior. O brilho e luz que dali jorravam ofuscavam com agressividade minha visão, mas mesmo sem enxergar como antes, continuei a caminhar. Sempre fui fascinado com viagens impossíveis e mundos fantásticos, utópicos... e agora eu estava numa dessas expedições.

Me disseram uma vez que esta era uma expedição perigosa, onde poucos se safaram; que era um erro. Mas me tornei impenitente ao ver tanto esplendor. Passei por lugares impérvios, por estradas escuras e enfrentei inimigos inimagináveis. Digo que tudo valeu a pena. Mesmo que eu não consiga voltar, estarei muito feliz; penetrar o que outrora julgou-se impenetrável, é divino. Prostrar ideais  e desbravar teorias é sempre necessário, mesmo que tais idéias e teorias sejam as suas próprias. E ali estava eu a meus próprios pés em uma viajem que me deslumbrou desde o início e terminou onde eu sempre quis chegar... no centro de mim.

Alysson Garcia"

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Valsa de Náiade


As gotas de água
Tocam ao cair da fonte
Uma doce melodia.
E Náiade dança,
Com passo estonteante
E pureza de criança,
A música dos dias.

Alysson Garcia"


Uma Náiade, de John William Waterhouse (1893)


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dose de real presença

Ele queria o presente. Agora ele clamava pelo que era real. Queria muitas doses de realidade! Será que o que sentia era real, ou eram somente fantasias derivadas de gestos e olhares soltos de outrem? Tudo ali existia? Será que sentia só? Era o sentimento unilateral? Não sabia. A profundeza do olhar, de duração de alguns segundos, a sublimação deste, seria subliminar? Não sabia! Será sonho? Segurando o papel perguntou a si mesmo se o que escrevera era onírico, se era só um desejo irrealizável. Então, calmamente, leu para o nada que havia em volta, como se encenasse uma peça teatral. Como se lesse frente àquela que admirava. Como se não fosse indireto.

"Velando o desejo em sono,
Tal qual faz a lua com a noite,
Despertei-me
Com um convite.

Vindo de dona tal qual Afrodite,
Prontamente afirmei.
Deveras,
Tão contente fiquei
Dona que me embebedaste
Com atributos dela
e de outros deuses.

Porém esqueci, com a euforia
De perguntar com quem iria.
Se somente a mim o convite servia.
Ah! Que delírio
A solidão de sermos somente nós."

Terminado, nada descoberto, a não ser que era um péssimo ator e que ainda clamava pelo presente. Seria a pouca correspondência imaginação?  Interrogação?

Só que no presente, a presença que almejava não, ali, estava.
E ainda sonhava , vagando pelo quarto tal qual  borboleta impedida de voar.
Trocava de gênero para desfazer o mistério que, afinal, nem era tão mistério assim.
 


Teici Miranda,
julho, 2013.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Caminhada

... ... ...
Passo... passo... passo...
passo. passo. passo.
passo; passo; passo;
passo, passo, passo,
passo passo passo
passo, passo, passo,
passo; passo; passo;
passo. passo. passo.
Passo... passo... passo...
... ... ...


Alysson Garcia"

Rubra Alma


Caminhando pelas vielas,
      Via-se o sol a repousar-se sobre o horizonte,
      Levando consigo minhas indulgências,
      Rompendo o ínfimo perverso que habita em mim.
      A merce da própria sorte, 
      Deixei-me acalentar pelas estrelas,
      Refutar minha alma até a lua.


QUERO, Lucas Ramon

Perspectiva

( ... ) 
" Tua velocidade desloca mundos e almas.
Por isso, quando passaste,
Caiu sobre mim sua violência 
E desde então, alguma coisa se aboliu.

Guardo uma sensação de drama sombrio,
Com vozes de ondas lamentando-me.
E a multidão das estrelas avermelhadas,
Fugindo com o céu para longe de mim."
 ( ... )

Cecília Meireles.

Devaneios


Rabisco em um papel meus devaneios,
Os coloro com doses de pura insanidade,
Debruço-me sobre seus passos,
Deixados em nuvens longínquas,
E te falar de verdades absolutas,
Já não mais se faz necessário.


QUERO, Lucas Ramon.


Framboesa


Foi-lhe impossível pensar ou dizer algo quando de cima, do céu, ou não se sabe de onde veio uma pedra que a atingiu na cabeça. O ferimento era tão grave que ela pareceu não resistir e estirada no chão, foi envolvida por uma poça de liquido rubro.
“Meu Deus!”, clamou alguém que aproximou-se da mulher, o que foi suficiente para atrair dezenas de pessoas. “Chamem a ambulância!”, “ou a funerária!”, gritavam vozes perdidas em meio a multidão. Mas as perguntas e palpites foram pausados quando um dos homens que estavam mais próximos do cadáver sentiu um aroma muito agradável vindo do mesmo. Agachou ao lado da estirada e molhou o indicador na poça que rodeava a cabeça da falecida. Levou o dedo até próximo ao olfato e sentiu o aroma. Aquele líquido exalava “Morango!”, gritou o homem. Todos apavoraram-se. Como poderia o sangue de alguém ter cheiro de fruta?
O povo se aproximou e de um em um deram sua opinião: “Isso não é morango, e sim cereja!”, “Não, não, é uva, estou certo disso”, “Maçã, tem aroma de maçã!”. As pessoas discutiam e alguns travavam até brigas defendendo o aroma. Até que em algum momento chegou uma ambulância. Um médico desceu do carro junto a enfermeiros apressados que carregavam uma maca. Logo souberam do conflito que causara o sangue da jovem. Todos abriram espaço quando este se aproximou. Ajoelhou-se. Todos aguardaram apreensivos; afinal ele era médico e poderia dar um parecer mais certo e específico. Levou o indicador levemente molhado até a boca. Fechou os olhos e degustou com cautela. Com os lábios avermelhados pelo suco então se pois a gritar o que espantou a população: “É framboesa, é framboesa!”.


Alysson Garcia”

Dia de Vênus


Convido-te ao futuro

Convido-te a louvar Dioniso
Convido-te a dançar com as ninfas
Convido-te a me escutar, em teu ouvido
Cantando "Cupido"
Desafio-te a ficar só
E em um futuro próximo, estar em mim.

Convido-te ao passado

Convido-te a me (re)olhar durante um filme
Ou quando todos os olhos atentos a algo,
teus olhos vaguearem em mim.
E eu assim, talvez a corar,
Olhar-te e sorrir,
e voltar-me a atentar
ao que os outros atentam.
Desafio-te a me convidar novamente.

Teici,
26, de julho de 2013