sexta-feira, 26 de julho de 2013

Framboesa


Foi-lhe impossível pensar ou dizer algo quando de cima, do céu, ou não se sabe de onde veio uma pedra que a atingiu na cabeça. O ferimento era tão grave que ela pareceu não resistir e estirada no chão, foi envolvida por uma poça de liquido rubro.
“Meu Deus!”, clamou alguém que aproximou-se da mulher, o que foi suficiente para atrair dezenas de pessoas. “Chamem a ambulância!”, “ou a funerária!”, gritavam vozes perdidas em meio a multidão. Mas as perguntas e palpites foram pausados quando um dos homens que estavam mais próximos do cadáver sentiu um aroma muito agradável vindo do mesmo. Agachou ao lado da estirada e molhou o indicador na poça que rodeava a cabeça da falecida. Levou o dedo até próximo ao olfato e sentiu o aroma. Aquele líquido exalava “Morango!”, gritou o homem. Todos apavoraram-se. Como poderia o sangue de alguém ter cheiro de fruta?
O povo se aproximou e de um em um deram sua opinião: “Isso não é morango, e sim cereja!”, “Não, não, é uva, estou certo disso”, “Maçã, tem aroma de maçã!”. As pessoas discutiam e alguns travavam até brigas defendendo o aroma. Até que em algum momento chegou uma ambulância. Um médico desceu do carro junto a enfermeiros apressados que carregavam uma maca. Logo souberam do conflito que causara o sangue da jovem. Todos abriram espaço quando este se aproximou. Ajoelhou-se. Todos aguardaram apreensivos; afinal ele era médico e poderia dar um parecer mais certo e específico. Levou o indicador levemente molhado até a boca. Fechou os olhos e degustou com cautela. Com os lábios avermelhados pelo suco então se pois a gritar o que espantou a população: “É framboesa, é framboesa!”.


Alysson Garcia”

1 comentários:

Mars disse...

Inusitado! Ótimo desenvolvimento da idéia (:

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