segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dose de real presença

Ele queria o presente. Agora ele clamava pelo que era real. Queria muitas doses de realidade! Será que o que sentia era real, ou eram somente fantasias derivadas de gestos e olhares soltos de outrem? Tudo ali existia? Será que sentia só? Era o sentimento unilateral? Não sabia. A profundeza do olhar, de duração de alguns segundos, a sublimação deste, seria subliminar? Não sabia! Será sonho? Segurando o papel perguntou a si mesmo se o que escrevera era onírico, se era só um desejo irrealizável. Então, calmamente, leu para o nada que havia em volta, como se encenasse uma peça teatral. Como se lesse frente àquela que admirava. Como se não fosse indireto.

"Velando o desejo em sono,
Tal qual faz a lua com a noite,
Despertei-me
Com um convite.

Vindo de dona tal qual Afrodite,
Prontamente afirmei.
Deveras,
Tão contente fiquei
Dona que me embebedaste
Com atributos dela
e de outros deuses.

Porém esqueci, com a euforia
De perguntar com quem iria.
Se somente a mim o convite servia.
Ah! Que delírio
A solidão de sermos somente nós."

Terminado, nada descoberto, a não ser que era um péssimo ator e que ainda clamava pelo presente. Seria a pouca correspondência imaginação?  Interrogação?

Só que no presente, a presença que almejava não, ali, estava.
E ainda sonhava , vagando pelo quarto tal qual  borboleta impedida de voar.
Trocava de gênero para desfazer o mistério que, afinal, nem era tão mistério assim.
 


Teici Miranda,
julho, 2013.

1 comentários:

Carol disse...

Adorei !

Postar um comentário